terça-feira, abril 13

As motos realmente complicam o trânsito? Por, Joelson Cardoso

Nada melhor do que uma boa experiência empírica para poder opinar de forma legítima sobre um fato. A realidade concreta só é possível ao indivíduo diante da vivência real do acontecimento, defendia o filósofo Karl Marx. Dito isto, faço menção a um assunto que em breve tomará conta da mídia e também das ruas: a proibição da circulação de motos entre os carros. Apesar de pouca prática como motociclista, acredito que a questão não começa e tão pouco se resume a isso. Tramita no congresso nacional o Projeto de Lei 2650/003, que diz: “Altera o Código de Trânsito Brasileiro tornando proibido aos condutores de motocicletas, motonetas e ciclomotores o tráfego entre veículos em filas adjacentes e dá outras providências”.
Certamente andar de moto em um estreito corredor de carros não é a coisa mais segura que existe, tão pouco agradável para o motoqueiro e principalmente para o motorista. Ignorar o fato de que esta arriscada prática é (com o perdão da redundância) praticamente o que viabiliza a pouca ou quase inexistente fluidez que ainda existe em nosso transito, seria de uma hipocrisia colossal. A análise não precisa ser muito profunda para constatar que a estrutura urbana das nossas cidades não está nem perto de ser adequada ao número de veículos que transitam nas ruas, mas principalmente não é compatível com os hábitos da população. É fácil perceber que a nossa sociedade não é coletiva e os motivos são diversos: a ineficiência dos serviços públicos, a falta de evolução da consciência, a latente deficiência da educação, a falta de planejamento da gestão pública e a intervenção da “mão invisível” da economia, este sistema de capital que empurra tudo e todos contra o tempo. Já imaginou esperar mais de 60min para poder saborear uma pizza?

Tudo isto é fato de sabida dificuldade e demora para ser solucionado, o que não podemos aceitar são as idéias mágicas, medidas simplistas e pouco calculadas, sem planejamento algum que são vendidas como solução para o problema. Só para exercitar a imaginação podemos pensar como ficaria a mobilidade urbana e a economia com cada moto que há nas ruas ocupando o espaço de um carro no trânsito. Porto Alegre quase pararia, Rio de Janeiro somente de helicóptero, São Paulo; nem assim. Todos buscamos a segurança e a valorização da vida, mas nem por isso podemos fechar os olhos para o contexto sócio-cultural que nos cerca. Se fosse assim teríamos leis que proibiriam a circulação de carros sem o airbag, ônibus sem cinto de segurança e daí por diante. Mas a pergunta que fica é: será que estes políticos que estão trabalhando neste Projeto de Lei, já pilotaram uma moto no trânsito? Será que eles imaginam o que é o trajeto cachoeirinha - Porto Alegre, em horário de pico? Por que não começar por uma via exclusiva para motos? Karl Marx tinha razão: “a realidade concreta só é possível ao indivíduo após a vivência real do fato”. Qualquer coisa diferente disso não passa de uma versão do concreto.

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Aproveite e divirta-se assistindo o vídeo no link abaixo:

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