sexta-feira, maio 7

Onde estão os jovens de fibra da nossa política? Por, Joelson Cardoso

Nossa...
Como é bom saber que aquele velho espírito de revolta e inconformismo não estão completamente sepultados nos corações de nossos jovens. Ao menos nos corações de alguns, não. Tão gratificante quanto esta constatação empírica foi a improvável atitude de um jovem, que a primeira vista aparentava ser apenas um guri magricelo, descomprometido e avoado das ideias, perdido em um encontro para assuntos políticos, mas que na realidade se tratava de um feroz, destemido e lúcido militante partidário, capaz de, ao microfone, discursar efusivamente para um auditório repleto.
Para este jovem não lhe bastou falar, foi preciso fazer isto buscando o olhar das autoridades, lideranças de toda a região que ali estavam, sentados na mesa ao lado. No atual cenário político brasileiro é difícil imaginar uma reação assim, partida de um personagem tão jovem, capaz de um discurso impositivo deslocado do comum, conflitante com o modelo existente. Tão improvável que parece impossível.
No entanto existiu, encantou e também chocou!
Chocou pela ausência, quase total, da concordância exigida pela gramática de nossa língua materna, mas, mais ainda, pela coragem e audácia. Coragem por discursar alto e firme, audácia por procurar o choque de olhares com figuras de influência e poder incalculável, se comparado ao seu.

Dizia o guri: “- Só com o respeito à militância partidária um partido se ergue e se sustenta. Não estamos aqui apenas para balançar bandeiras, queremos ajudar a decidir, queremos mais respeito com a juventude.”

Poderia ter ido além, eu acrescentaria: “só com a participação democrática é possível caminhar para o amadurecimento e aprendizado.” Mas o recado já estava mais do que dado. Estava entendido.

Após seu agradecimento vieram os aplausos. Ao público, acredito, faltou a coragem e a grandeza do seu interlocutor que; no mínimo deveriam erguer-se para que a salva chegasse à altura do discurso. Contudo, os aplausos, naquela situação, não passavam de um mero detalhe.

Saí do plenário um pouco mais aliviado, um pouco mais esperançoso. Sei que não foi nada fácil, para o solitário guri, lutar contra o nervosismo de falar em público e a gramática, que insistia em lhe fugir, mas mesmo assim demonstrou, com grande competência, como é, como foi e como sempre deverá ser o inquieto, imprevisível e apaixonante espírito da juventude. Utilizando uma sábia frase, formulada por um grande político do nosso estado: “não queremos jovens com vícios e cabeça de velhos, precisamos é de jovens com atitude e alma de jovens”.

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