quarta-feira, janeiro 27

Mal começamos 2010 e o que preocupa é o 2011.

Mais uma vez entramos em um daqueles tradicionais períodos de inércia econômica, política e social. No Brasil, onde grande parte da população, tradicionalmente, volta ao mundo real somente após a quarta-feira de cinzas; em ano de copa do mundo, que sempre coincide com as eleições presidenciais, as coisas realmente ficam ainda mais desajeitadas. Se não vejamos: a turma começa o ano em meados de fevereiro, três meses depois para em virtude da copa do mundo (e como não pararia? A final de contas é a pátria de chuteiras), retoma a normalidade em julho, ou quase normalidade, pois logo ali em julho começam as correrias para as eleições, que toma conta de rádio, tv e rua. Assim, se a definição ocorrer em primeiro turno, caso contrário são mais duas semanas de campanha eleitoral na conta, teremos o retorno efetivo e definitivo da população ao seu ‘cotidiano normal’, somente após o dia 3 de outubro. Porém a gestão pública, normalmente, após eleições, entra em ação somente no início do seguinte ano.
Este seria apenas mais um daqueles anos, que ocorrem a cada quadriênio, no entanto o que a maioria da população não percebeu – ou pelo menos não está tão preocupada, é que em 2010, o país deveria reunir esforços para se re-estruturar política, econômica e socialmente das sequelas deixadas pela crise ( talvez a maior crise do sistema capitalista mundial).
Vejamos o exemplo da gestão pública, os noticiários já estão quase que completamente tomados por notícias referentes às eleições, que ocorrerão somente em outubro: formação de alianças, chapas, troca de cargos e estamos apenas em janeio. Um claro sinal de que a atenção nacional está voltada para o período eleitoral. Enquanto isso os índices de desemprego, déficit financeiro, queda de produção, quebra de safra, aumento da desigualdade, o perigo de inflação, são realidades que já nos pressionam, sem falar nos desastres naturais que cada vez mais são constantes e mais fortes. Para muitos economistas e especialistas, o Brasil corre o sério risco de entrar 2011 com sua saúde econômica seriamente comprometida e ter de passar boa parte do ano elaborando medidas fiscais e econômicas para garantir a sua sustentabilidade.
Há solução para isso? Bem… Deve haver! A certeza que fica é que seja qual for, seremos nós – os contribuintes, quem iremos financiá-la. Mas como diz o ditado popular: “Deixa que depois nóis demo um jeito”.

terça-feira, janeiro 19

E as mortes no trânsito? Quem paga a conta?

Pelo menos 15 pessoas morreram no trânsito, neste final de semana, nas rodovias gaúchas. A carnificina sobre rodas no Brasil, e especialmente no Rio Grande do Sul, a algum tempo não é mais um privilégio apenas das datas festivas e feriadões, qualquer final de semana é candidato a tirar uma dezena de pessoas de suas famílias, amigos, trabalho. Mesmo com a lei seca, que ajudou bastante a diminuir os índices de morte por embriaguez, mesmo com as belas campanhas publicitárias, de altíssimo grau de inteligência, uma vez que busca o foco no amigo do condutor embriagado e não no próprio, que já considera essa situação de direção e álcool uma normalidade, mesmo com todas as campanhas de conscientização de valorização da vida os números de mortes permanecem crescendo ou pelo menos iguais. A questão vai além, vai mais profundo do que pensamos e por conseqüência, passa a margem da forma como estamos tratando o tema, isso, ao que tudo indica, parece estar relacionado a uma questão de ética, de comportamento moral, de conscientização de regras sociais, aquelas que são intrinsecamente passadas de geração para geração, que de alguma forma, por algum fenômeno (criado por nós mesmos em algum lugar do passado) não entra abordo do veículo junto com condutor. Talvez seja necessário abordar a conscientização do trânsito seguro através de uma discussão relacionada a ética, ao comportamento social. O trânsito fatal, a guerra do trânsito, o trânsito que mata, talvez seja preciso uma mudança no ponto de vista: tirar essa responsabilidade da causa, da terceira pessoa e trazê-la para a primeira, segunda pessoa… Parece-me mais sensato responsabilizar as pessoas e sua ausência de ética e racionalidade ao volante do que botar na conta do subjetivo trânsito, que apesar de não reclamar sempre deixa a conta para nós pagarmos.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

...