sexta-feira, março 5

Por uma revolução no ensino

Nesta época, o assunto predominante é a volta às aulas. Não poderia ser diferente, por causa delas muitas coisas se modificam: o veraneio praticamente acaba, o trânsito se transforma, a economia urbana se reaquece, as críticas e debates sobre a educação retornam. Não tiro ou diminuo a importância sobre os outros temas, mas é sobre este último que quero falar.Atravessamos uma fase difícil no que diz respeito à educação. Com sucessivas revoluções tecnológicas e mudanças nos padrões de convivência social, parece que desaprendemos a arte de educar nossos filhos e alunos. Esse problema vai além da esfera particular, a qual carinhosamente denominamos de berço familiar, ele invade a esfera pública: a instituição escola. Os pais, a grande maioria sem perceber, cobram de seus filhos um comportamento característico de gerações passadas o dito “bom comportamento”, no entanto esquecem que sua participação na construção desse processo também anda falha e nem de longe se assemelha àquela praticada por pais de outras épocas. Contudo este problema não é determinante, pois mesmo que repetissem os métodos utilizados pelos nossos avós o resultado não seria o mesmo. Vivemos em uma sociedade completamente diferente, nunca houve uma mudança de cultura tão rápida quanto esta, que aliás ainda estamos presenciando. Neste confuso contexto não temos mais as sólidas verdades e mentiras, o bem e o mal, o certo e o errado nos seus devidos lugares como era no tempo de nossos pais ou avós, que podiam e se socorriam desses firmes conceitos para educar e transmitir informação. Hoje, onde tudo é volúvel, relativo e muitas vezes subjetivo, agarrar-se a conceitos alheios ao dinamismo sócio-cultural para educar é tão perigoso quanto deixar o jovem aos cuidados das informações e valores transmitidos pela mídia. Não reclamo dessa nova forma de viver. Trata-se de uma sociedade que está aprendendo a arte da constante evolução do pensamento, do multiculturalismo, da tolerância, dos limites de fronteiras totalmente novas. E é essa evolução que exige dos pais uma urgente atualização, tão veloz quanto o tsunami de gigabytes. Assim também deve ser com a instituição escola. Atualmente já se fala de escolas em turno integral, inclusão digital, escola aberta. É necessário falarmos sobre essas mudanças, porém devemos saber que estamos muito atrasados. Deveríamos estar falando de novos métodos de ensino, professores mais assemelhados a facilitadores, aulas 100% com uso de tecnologias, uso constante de interdisciplinaridade (matemática que conversa com história, que fala com química, que interage com literatura, que volta à matemática, etc). Este assunto já permeia os seminários acadêmicos dos cursos de licenciatura, no entanto o futuro da educação e destes novos profissionais se apresenta como uma túnel escuro. Temos que inovar. Na verdade precisamos revolucionar o ensino, desde de sua base. Necessitamos quebrar todos os seculares conceitos de educação para descobrir urgentemente como acessar esse novo aluno: hiperativo, ansioso e dinâmico que em dez minutos, navegando na internet, é capaz de absorver informações referentes a cinco, seis, inúmeras disciplinas escolares. Como prender esse jovem por cinquenta minutos dentro de uma sala de aula, falando sobre o mesmo tema? Não se faça essa pergunta. Ela pertence ao passado. A pergunta é: Temos que prender? Não sei! Diante de um problema tão grande que possui soluções tão obscuras, a única coisa que fica bem clara é a múltipla responsabilidade de pais e professores, governos e comunidades na formação destes novos cidadãos.

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