sábado, março 20

RJ e os royalties do petróleo, por Joelson Cardoso

80 mil manifestantes no centro do Rio de Janeiro. Esse foi um belo aperitivo do que o povo carioca é capaz para demonstrar sua adesão e apoio ao movimento que pede repasse de royalties diferenciado para o seu Estado. Esse é um capítulo da mais nova novela política do Brasil. A confirmação e o início dos trabalhos de extração do petróleo do pré-sal, já está gerando um profundo atrito entre as unidades da federação.Não sou contra ao fato do Estado “produtor” do petróleo ter uma fatia um pouco maior, na receita, mas chegar a dizer que deve receber sozinho ou a grande maioria dos valores é uma postura incoerente e até indecente. O posicionamento político do RJ é compreensível e até aceitável, do ponto de vista capitalista e somente deste, pois, a capacidade humana de exercer a fraternidade e o espírito de solidariedade foram completamente subtraídos neste episódio. Algumas coisas me parecem bizarras neste caso. Quem descobriu e explorará o petróleo é uma empresa nacional - PETROBRAS (onde parte dos impostos recolhidos por todos os cidadãos, ajudam a manter o seu crescimento), se ainda fosse uma empresa carioca, seria de se pensar. O local de extração é em alto mar e nenhum estado tem posse sobre o as águas marinhas são de poder exclusivo da federação. Diga-se de passagem, o local em questão (pré-sal), está além do dos direitos políticos do Brasil, existe apenas um tratado que garante direitos econômicos, nada muito garantido e oficial, reconhecido por alguns países, vai agora o Sr. Sérgio Cabral querer opinar?O brabo mesmo é escutar algumas pérolas, como a do Neguinho da Beija-flor, que resume bem o sentimento carioca sobre o tema: "é como se eu descobrisse uma mina de ouro no pátio da minha casa e tivesse que dividir com toda minha vizinhança". Ora, caro sambista, informe-se melhor sobre a constituição que rege o teu país e descobrirás que toda e qualquer riqueza descoberta no território nacional é de propriedade estatal.O fato é que este exemplo que o Estado do RJ e parte de sua população está dando demonstra que o Brasil está muito distante de superar suas mazelas históricas: de profundas desigualdades e altos privilégios, pois quando há uma clara oportunidade de todos prosperarem, eis que surge uma justificativa para que apenas uma parcela usufrua dos benefícios. A população, historicamente usada como massa de manobras políticas, mais uma vez se deixa levar por argumentos estritamente econômicos e age a favor dos benefícios políticos de alguns.Se pudesse, depois deste papelão protagonizado por parte da população carioca, arbitrariamente ao que penso, destinaria todo esse dinheiro para o Estado carioca, mas com a condição de que fosse investido tudo em educação, na emancipação do saber, da erudição. Talvez assim, no futuro, o povo se tornasse mais solidário, consciente, ético e menos submisso, manipulável e mesquinho.

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